“O que eu mais queria na jornada de 7 dias no deserto, fugindo de um governo que poderia me prender e executar por causa da minha fé, era voltar para minha casa e ouvir o barulho da minha garrafa d’água no abrir da geladeira” (Ramin Shams). O 6º ano do Ensino Fundamental já havia estudado sobre xenofobia e a questão dos refugiados nas aulas de Cidadania e Salvaguarda com a professora Priscila Aquino. Mas receber a ONG Cáritas, que trabalha desde a década de 70 com acolhimento de refugiados, ouvir a contundente fala e conhecer a história dos refugiados Maria Alessandra, da Venezuela, e Ramim, do Irã, coloca o aprendizado em outra perspectiva.
As crianças arrecadaram doações para a Cáritas, ONG que possui um Programa de Atendimento a Refugiados e Solicitantes de Refúgio. Maria era de uma família de classe média, administradora de empresa, seus filhos estudavam em escolas particular, e ela contou como o problema político aliado à inflação e ao desemprego gerou uma situação insustentável de fome que a trouxe com a sua família ao Brasil. “Perdemos tudo. Meu marido chegou a emagrecer 15 quilos Quando chegamos ao Brasil fomos primeiro em uma churrascaria, já que fazia quase um ano que não comíamos carne”.
Já Ramin, que hoje é um bem-sucedido dono de empresa de tecnologia no Brasil, conta como foi a fuga da perseguição religiosa do Irã para o Paquistão e, então, para solos brasileiros.
O aluno Bruno Féres conta: “Foi bom ouvir eles, fez pensar e sair da nossa bolha. Não convivemos com isso no nosso dia a dia, só vemos essas situações pelo jornal”. Já Júlia Santiago observa: “Tem muita gente que tem preconceito e reclama da vinda dos refugiados, Tenho certeza que essas pessoas não conhecem a história de vida dessas pessoas”.