Um debate entre Sartre e Clarice
09/08/2018

“Quem eu sou?” e “Qual a razão da minha existência?” são perguntas que nortearam a busca filosófica, antropológica, literária e biológica da humanidade. Aos 40 anos da morte de Clarice Lispector e a 38 do falecimento de Jean-Paul Sartre, a vertente existencialista, sua importância e seus seguidores, retornam e se aconchegam aos ouvidos dos alunos das 2ª e 3ª séries do Ensino Médio no Teatro GayLussac. Emanada pelas vozes e presença do filósofo Silvério Ortiz e da filósofa e escritora Dília Gouvêa, a palestra faz parte do Agosto Literário, projeto que integra os 64 anos da escola.

Confrontando as obras A hora da estrela (Lispector) e Náusea (Sartre), os debatedores abordaram assuntos como a empatia e a individualidade através de exercícios filosóficos de aproximação. “As discussões foram muito profundas. Eu, que já tinha tido contato com o trabalho e pesquisado sobre a vida da Clarice, fui levada a reflexões que não havia feito antes”, conta a aluna Giulia Klein, da 2M3.

Para a professora de Produção Textual, Karla Faria, a importância da palestra é fazer com que o aluno ultrapasse as paredes da sala de aula: “Esse não é um momento somente acadêmico, é um momento de refletir a vida, de sair do literal”, explica. “O ser humano, diferentemente de uma fruta ou objeto, tem o poder de se transformar, de procriar. Procriar necessita que algo parta de si, arrancar algo que, antes, não estava lá. A literatura é isso: é a quebra do conforto. São as provocações cotidianas que te arrebatam para a literatura”, acrescenta Dília.

“A arte literária é um modo de viver a nossa realidade”, finaliza Silvério.