Batalha poética, túnel literário, saraus, música ao vivo, palestras, troca-troca de livros e muita expressividade na sociedade dos poetas que se mantêm vivos! Esse é o Agosto Literário que, em 2019, trouxe aos alunos dos ensinos Fundamental e Médio mais uma imersão no mundo da arte e da literatura. O projeto, que une as comemorações dos 65 anos da escola com os 180 anos do nascimento de Machado de Assis, também busca trabalhar temas relacionados aos Objetivos Globais da Agenda 2030 da ONU.
“Todo pensamento e toda palavra que eu escrever serão só meus e de meus muitos personagens”. A frase do professor Danilo Crespo, de Inglês, marcou a tarde dos alunos em uma Oficina de Sarau e Poesia. Trabalhando o tema “Eu sou o outro”, o encontro levou os alunos a escreverem coisas que ainda não haviam pensado enquanto compartilhavam suas ideias e sentimentos. O professor explica: “Acima de tudo um texto precisa ter coragem e sinceridade. Uma poesia rimada não é necessariamente bonita. Uma poesia é para dizer algo necessário. Se escreve primeiro para si, depois para o outro”.
“Vocês, brancos, não tem alma”, foi o tema da palestra ministrada pela professora de Produção Textual, Nathalie Vlcek, que apresentou aos alunos do Ensino Médio a desmistificação de estereótipos aplicados aos povos indígenas, no Ano Internacional das Línguas Indígenas. Na palestra, a professora apresentou parte de sua tese de doutorado com as experiências vivenciadas nas tribos em que pesquisou e também vídeos e mapeamentos das línguas pelo Brasil, que chegou a ter mais de 200 idiomas. A professora explica: “Mostramos aqui que não escutamos com o ouvido, escutamos colocando o universo em nossas categorias. Comemorar as línguas indígenas envolve solidariedade e salvaguarda, pois saber ver o outro é imaginar que estamos sempre abertos para aprender com ele e ver algo de diferente ali”.
No Ensino Fundamental I, os alunos mergulharam na cultura da leitura de maneira diferente. Trabalhando com material coletivo, eles participaram de uma oficina de origami na Biblioteca Silvya Orthof, em que fizeram o seu próprio marca página. O Bibliotecário Alexandre Salgueiro conta: “Foi uma maneira de eles terem o prazer de usar algo que eles fizeram, enquanto levavam uma recordação da Biblioteca”.
No dia 14, a poesia meteu o pé na porta e invadiu as salas de aula, suspendendo o cotidiano e deixando uma indagação: “Isso aqui aconteceu?”. Interrompendo aulas para declamar poesias, as turmas da 1ª série do Ensino Médio participaram do projeto “Invasões Poéticas”, desenvolvido pela professora de Produção Textual, Nathalie Vlcek, e pelo professor de Literarte, Pedro Igor, que levou os colegas dos ensinos Fundamental e Médio a uma releitura e imersão na poesia Barroca. Nathalie explica: “A poesia incomoda, ela fala de coisas que preferimos não ver. A ideia foi fazer uma suspensão para que todos encarassem a poesia no seu dia a dia. A gente espalha poesia na escola e dá o espaço para que a voz do aluno também possa ser ouvida”.
“Alguma coisa acontece quando contamos histórias através de imagens”. A frase de Clara Gomes, cartunista e criadora da tirinha Bichinhos de Jardim, foi o que embalou os alunos do 6º ano do Ensino Fundamental, em agosto, na Oficina de Quadrinhos que criou Mc Gaguinha, Arlindo Clayson da Silva Clovis e o Superamendoim. Do roteiro à finalização, a oficina levou aos alunos à história do cartum e os processos de criação de uma HQ. Com as dicas e de maneira coletiva, os alunos construíram o seu próprio personagem, cada um escolhendo uma característica física e subjetiva, criando uma forma única.